Tudo começou quando saiu a primeira temporada de The Walking Dead, na Fox.
(Pausa dramática dos leitores: Como um seriado de zumbis - cheio de sangue, mortos-vivos, pessoas sendo devoradas vivas e dilemas da humanidade - se encaixaria num blog cujo foco é a vida de uma bebezinha, fofinha e graciosa?! Que absurdo!)
Nunca fui muito chegada em histórias, livros, revistas e muito menos filmes e seriados – com imagens em movimento e sons feitos sob medida - de terror (como vampiros, lobisomens, espíritos e... zumbis); mas como essa vida é bem engraçadinha, resolveu que o pai da minha filha iria adorar esse tipo de coisa. E mais! Ele teria um poder de chantagem emocional persuasão suficiente pra me convencer a ASSISTIR esse tipo de coisa.
E assim que a série do começo do post foi lançada, ele ficou tão empolgado que quis que eu tivesse uma parada cardíaca por conta dos sustos minha companhia todas as terças-feiras às dez da noite, dia e horário da semana que a série é transmitida.
Observação: Luna sempre dorme antes desse horário, ok?
E comecei a assistir. Confesso que a cada cinco minutos nos primeiros episódios eu dava a desculpa que precisava estender a roupa, lavar a louça, ir ao banheiro, desdobrar e dobrar todas as minhas roupas do armário 20 vezes ou qualquer coisa que me tirasse da sala. Às vezes eu me perguntava por que raios eu estava assistindo um troço que simplesmente não me fazia bem. E comecei a achar a resposta na história da série. A coisa toda é muito bem feita, toda parte técnica, a construção dos personagens, o roteiro e você vai querendo saber mais e mais o que vai acontecer em seguida com as pessoas, como eles darão continuidade a uma simples questão: manter-se vivos e convivendo com pessoas que mal conheciam. E foi assim que EU comecei a querer fazer companhia ao Silvio todas as terças-feiras ás dez da noite.
Mas eu sabia que não sairia ilesa dessa decisão. Acontece que todas as noites de terça pra quarta eu sonhava com os malditos zumbis. É sério?! Sim, é sério! Sonhos diferentes, com intensidades diferentes, lugares, pessoas, história, finais (ou não finais) diferentes. Mas uma vez por semana as criaturas amaldiçoadas estavam lá, em meus sonhos. Às vezes eu acordava tão assustada no meio da noite que esmurrava o Silvio sem querer e minha vontade era dormir grudada nele o resto da noite. Mas como tenho um maridinho super sensível, ele dizia que era bobeira da minha cabeça e virava pro outro lado. ¬¬ (suspiros...)
Acontece que já sonhei com o Silvio, meus pais, amigos e uma vez ou outra até com pessoas que não vejo há anos; mas em NENHUM dos sonhos a Luna apareceu. No começo não percebi, mas com o tempo fui reparando que cada vez que eu acordava e lembrava o que havia sonhado, minha pequena simplesmente não existia na história. Não é que ela não aparecia, era como se eu nunca a tivesse tido, como se ser mãe não fizesse parte do sonho; quase como se eu fosse outra pessoa, com outra trajetória de vida. Sempre achei aquilo muito estranho. Como a pessoa mais importante da minha vida desaparecia assim? Sem parar pra pensar muito nisso, comecei a achar ótimo, porque eu não agüentaria se alguma coisa acontecesse com ela, mesmo em ‘pensamentos adormecidos’. Acordava e agradecia por estar tudo bem, pelo mundo ainda sem do jeito que conheço e por estarem todos vivos-vivos.
Nunca parei pra estudar o que significavam os elementos presentes no sonho, nunca li livros ou pesquisei na Internet; até porque, alguém me disse uma vez que cada fonte fala uma coisa diferente. Então pra que pirar sem necessidade numa hipótese? Hoje tenho uma relação melhor com a série e tudo que a envolve; até levo sustos nos momentos feitos pra isso, mas não sinto mais calafrios e nem sonho mais. Confesso que às vezes me pego com pensamentos do tipo ‘E se um dia acontecer uma catástrofe mundial do gênero? Fudeu!’, e me arrepio todinha. Mas enquanto está tudo bem, deixemos os pobres coitados dos zumbis nas histórias em quadrinhos, nos filmes, nas séries de TV e fora das minhas madrugadas de terça-feira.