O sapo não lava o pééé, não lava porque não quééé, ele mora lá na lagoa, não lava o pé, porque não quer, mas que chulééé.
Borboletiaaa, tá na coziaaa, fazendo chocolaaai, para a maiaaa, Poti Poiii, perna de aaau, olho de iii e nariz de pica aaau, pau pau.
E a nossa cantoria em casa agora tem mais uma voz; ainda tímida, repetindo, do seu jeitinho, as últimas letras da última palavra de cada frase; mas começando a se soltar, já demonstrando vontade de participar. E é impagável a carinha de Luna quando, no meio da música, sorrimos como sinal de “aprovação” ao seu esforço; ela continua cantando toda sem graça.
Cantamos pra Luna desde que ela nasceu. Cantamos músicas de ninar, músicas de desenhos da TV e músicas nossas. Ela sempre ouviu tudo com atenção.
Aliás, sempre gostei de cantar quando era criança, na sala de casa, ouvindo Xuxa (passado negro, minha gente; mas era o máximo para as meninas da época, fazer o quê?). Na adolescência cantava no quarto - com as profundas dores das paixões da idade - as músicas de boysband. Depois de adulta me realizo cantando no carro – Amy, Artic Monkeys, Chico Buarque, Foo Fightes, Jack Johnson, Raimundos, Rockabilly, The Hives, Ultraje... – até perder a voz. Mas acho que nunca trabalhei tanto as cordas vocais desde Luna nasceu. Cantamos pra acordar, na hora do banho, assim que terminamos as refeições, assistindo os desenhos da pequena... E desde as canções mais antigas até as mais atuais, temos opções para todos os temas; amém. Nunca nenhum vizinho reclamou da poluição sonora que vem da minha casa e Luna também não faz cara feia quando começo a cantar pra ela. Menos mal...
Voltando ao assunto, no aniversário de um ano da tiquita, ela ganhou o DVD de videoclipes do Cocoricó. E foi amor à primeira vista, amor às primeiras músicas. Assistíamos todos os dias e em pouco tempo mamãe e papai já haviam decorado as letras e passado a cantar junto com os músicos na TV. E a segunda faixa começa assim: “Nos dias quentes de verão, a gente vai ao rio nadar; e nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada até cansar.” E de um dia pro outro – é tanta coisa nova que a memória da mãe não dá conta – ouço Luna “cantar” junto com a turma do Júlio: “Na, na, na, na, na, na, na, na.” E aí Luna não parou mais. Agora ela tenta acompanhar todas as músicas que cantamos ou que ouve e já conhece, mesmo saindo apenas uma letra, de uma das palavras; e ela canta com as sobrancelhas levantadas e balançando a cabeça, toda pimpona. Mas quando se incomoda com nossa proximidade e admiração, ela para de cantar, fala “não, pá” e nos empurra pra longe; faz a tímida.
Só sei que estou adorando taaaanto esse novo passo dado, nos aproximou ainda mais. E sei que não terá fim; nos vejo cantando juntos em todas as etapas de agora em diante, as músicas “dela” e mais pra frente, as “nossas”.