terça-feira, 13 de agosto de 2013

29 (re)nascimentos



(Post escrito em 05.08.2013)

Há exatos dez anos, no dia 05 de agosto, ajudei minha avó a fazer a mudança: do enorme sobrado de esquina, onde morou durante décadas (até meu avô falecer), para um apartamento de 50m2, na mesma rua. Depois de tudo organizado, Dona Marlene me levou pra almoçar num restaurante self-service ali no bairro, tudo bem simples. Hoje, ao me abraçar e me desejar felicidades, a matriarca do lado materno da família lembrou aquele dia dizendo: “Que ‘belo’ dia de aniversário foi aquele: fazendo mudança para a avó”.

Foi essa declaração que me fez refletir um pouco sobre como o tempo passou. Os anos em que meu maior presente era ficar em casa assistindo televisão e devorando a cesta de café da manhã que ganhava dos meus pais. Os anos em que passava meses com a ansiedade no nível 100, organizando uma festa em casa ou em outro lugar. Expectativa em receber ligações, em ganhar presentes e me sentir amada “pelo maior número de pessoas possível”. Bobagens que faziam sentido, cada uma na sua época!

Sinceramente, acho que a gente vai ficando seletiva, as expectativas vão sendo direcionadas para o que e quem realmente importa. Voltando no tempo os tais dez anos, hoje percebo que “festejei aquele dia do recomeço” com alguém que sente por mim um amor que eu nunca soube dar o devido valor, até “saber” o que é o amor de avó, quando vejo minha mãe com minha filha.

E me dei conta que, nestes últimos três anos, o tão dia especial perdeu aquela magia, ou parte dela.. Acho que o nascimento (e renascimentos) da Luna me são mais caros que os meus próprios. Desta vez, lembrei somente três dias antes que eu precisaria combinar pelo menos um jantar com meus pais.  Tem tanta coisa acontecendo nestes últimos meses que o inferno astral não teve vez, mas a importância do aniversário acabou ficando em segundo plano. Segundo?! Quinto plano. Sei que tem muita gente que consegue emocionalmente conciliar tudo, mas pra mim ficou difícil gerenciar a ansiedade pela pós-graduação que começaria naquela semana, a chegada de um membro canino na família em poucos dias, reflexões e indefinições sobre o futuro profissional, questões familiares de saúde, crise de identidade, entre outras cositas más.

Em cima do bolo havia uma vela com o número cinco, a única que tinha na casa dos meus pais, mas assoprei com vontade – junto com a Luna, claro! – desejando que, assim como acreditavam na antiguidade, os desejos e as preces chegassem até o céu junto com a fumaça. Terminei este dia agradecendo por toda a caminhada que percorri, percebi que a gente aprende errando e mesmo alguns erros podem ter sido bem acertados. Pedi força para continuar a caminhada – tomando cada decisão com mais sabedoria - e a capacidade para sempre tentar de novo. Agradeci pelo dia e por todo amor que recebi (presencialmente ou não) e que eu continue conectada às pessoas pra quem eu possa mostrar o que sou e me doar sem ter medo.