E o bilhete chegou pela agenda, assim como todos os outros. E pedia para que escolhêssemos um horário para aproxima reunião de pais, mas dessa vez, individual; apenas nós e a professora, um tempo reservado exclusivamente para falarmos sobre a Luna com a pessoa que passa com ela a maior parte do dia.
Convenhamos, reunião de pais é importante, mas faz parte dela uma fórmula quase matemática: quanto menor a idade do filho, mais os pais querem falar exclusivamente sobre eles (não é a toa que existem tantos blogs como este com mães que não se cansam de dizer como seus filhos são maravilhosos, às vezes). E tem gente que exagera, né não? Entender que reunião de pais é um momento para discutir questões mais coletivas – do que a cor do cocô de cada criança nos diferentes momentos do dia – não faz parte da mentalidade de muitos pais com filhos pequenos. Acho que cabem comentários dentro da pauta proposta pela professora, até para haver comparações saudáveis sobre o comportamento deles em casa e na escola, mas esse limite nunca é bem definido.
Acordei ansiosa pra saber como seria a conversa. Luna é a mais nova numa sala com cinco crianças, mas já tem uma personalidade “forte”, portanto este fator potencializou sua fase oral, não muito positivamente. E por mais que já exista uma comunicação entre pais e professores através da agenda da escola, uma conversa olho no olho tem outro impacto e agora poderíamos saber mais detalhadamente sobre a aluna Luna, com ou sem trocadilhos.
A conversa aconteceu na própria sala de “aula”, uma sala cheia de elementos e cantinhos amarelos, já que na escola cada módulo tem uma cor diferente. Sentados em cadeirinhas de 30 cm de largura x altura x comprimento, esperamos as primeiras palavras da Professora Lívia.
E aí meu coração se acalmou e se encheu de sorrisos. Passamos os primeiros minutos ouvindo como nossa filha é esperta e inteligente, como ela realiza atividade e faz associações que algumas crianças mais velhas ainda não fazem. Conversamos sobre como ela já imita gestos da professora durante uma música cantada por ela, como ela identifica e aponta cada um dos amiguinhos na canção de bom dia, como sabe que chegou a hora de guardar os brinquedos logo nas primeiras palavras da música criada para este momento, como sabe onde fica o cantinho da atividade na sala e corre até ele assim que a professora orienta os pequenos. Ouvimos o quanto ela é carinhosa com todos na escola e o quanto adora desenhar, ficando entretida e concentrada na atividade.
Mas ao objetivo ali era ter uma idéia completa de como era o dia-a-dia da Luna fora de casa, como ela se comportava por inteiro. E fiz questão de perguntar sobre questões que precisam ser trabalhadas na escola e mais ainda, em casa. Como é um assunto que nos rodeia há algum tempo, falar sobre a fase oral da Luna não foi novidade; ela ainda faz algumas investidas nos amiguinhos com sua boca de tubarão, cheia de dentes e agora - isso em casa também, mais do que as mordidas – está com a deliciosa mania de beliscar quando é contrariada. A orientação é novamente a mesma, ficar na altura dela, olho no olho, expressão séria e falar claramente que aquilo é errado e não pode fazer; variações acontecem, dependendo de cada mãe e cada pai. A esperteza algumas vezes se converte em manha, quando se joga no chão por não querer caminhar junto com a professora para um local diferente de onde ela se encontra. Nem tudo são flores.
Lívia explicou que o foco agora é o desenvolvimento oral e que nós em casa devemos trabalhar bastante isso nela. Acho que estamos no caminho certo, porque conversamos, falamos, mostramos e explicamos coisas pra pequena com uma freqüência bem significante.
E eu ficava ali, meio concentrada na conversa e meio prestando atenção na pequena circulando pela sala, num ambiente tão seu, tão á vontade, tão moça e independente; e aquilo me encheu de orgulho daquele serzinho ainda tão pequenino e que amo tanto, independente de qualquer relatório escolar.