quarta-feira, 15 de maio de 2013

Atenção, aceitação, apreciação, afeto e autorização


Ele veio numa terça-feira à noite, no meio de uma brincadeira. Foi falado de forma simples, colado à frase “Pega o pente?”. O tom de voz era como de alguém que conta o que comeu no almoço. Foi dito enquanto eu tentava me levantar, de costas pra ela.

Meu primeiro “Te amo, mamãe”. Assim, espontâneo.

Duvidando da capacidade da minha filha em expressar sentimentos, na hora eu achei que tivesse ouvido errado e tive a pior reação que alguém poderia ter ao ser presenteado com uma demonstração de sentimentos tão grande: disse que não tinha entendido e perguntei o que ela havia dito. Foi nessa hora que Luna chegou perto e sussurrou novamente no meu ouvido as palavras que temos dirigido a ela há tanto tempo.

A tal da reação histérica define bem meu estado. E só tenho certeza de que não assustou a pequena, pois o “Te Amo” voltou a aparecer outra vez naquela noite.

Sempre me perguntei em qual momento da vida a expressão do amor (verbalmente falando) começava a fazer sentido para as crianças. Eu tentava descobrir como explicar o que significavam aquelas palavras quando eram dirigidas a minha filha. Sabia que um dia isso aconteceria, que um dia eu ouviria dela o som mais doce do mundo; mas tão cedo assim?! Se muitas vezes nós adultos confundimos sentimentos e expressões, o que dizer de alguém que tem contato com este mundo há tão pouco tempo? Cada dia mais temos que deixar de subestimar os pequenos no que diz respeito à inteligência e esperteza, e neste dia tive a prova de que precisamos acreditar na sua capacidade de sentir e demonstrar.

Mas fico pensando se o gesto da Luna foi realmente gratuito. Já ouvi teorias de que toda criança ama sua mãe, no matter what; que a mãe sempre vai ser a pessoa que a criança deseja que esteja junto, que a conforte.

Descobri uma “teoria” mais interessante e que faz muito mais sentido pra mim. Segundo o psicólogo David Richo, “Nós nos sentimos amados quando recebemos atenção, aceitação, apreciação, afeto e quando nos é permitido ter a liberdade para viver de acordo com as nossas necessidades e desejos mais profundos (autorização); os cinco ‘as’ que tornam as palavras ‘eu te amo’, verdadeiras”.

Daria pra discorrer sobre cada um desses ‘as’, mas não vem ao caso agora. Só sei que, se isso for mesmo verdade, acho que estamos possibilitando que Luna se desenvolva de uma maneira saudável e feliz; podendo assim demonstrar seu amor com espontaneidade.