(Post escrito em 05.08.2013)
Há
exatos dez anos, no dia 05 de agosto, ajudei minha avó a fazer a mudança: do enorme
sobrado de esquina, onde morou durante décadas (até meu avô falecer), para um
apartamento de 50m2, na mesma rua. Depois de tudo organizado, Dona Marlene me
levou pra almoçar num restaurante self-service ali no bairro, tudo bem simples.
Hoje, ao me abraçar e me desejar felicidades, a matriarca do lado materno da
família lembrou aquele dia dizendo: “Que ‘belo’ dia de aniversário foi aquele:
fazendo mudança para a avó”.
Foi
essa declaração que me fez refletir um pouco sobre como o tempo passou. Os anos
em que meu maior presente era ficar em casa assistindo televisão e devorando a
cesta de café da manhã que ganhava dos meus pais. Os anos em que passava meses com
a ansiedade no nível 100, organizando uma festa em casa ou em outro lugar. Expectativa
em receber ligações, em ganhar presentes e me sentir amada “pelo maior número
de pessoas possível”. Bobagens que faziam sentido, cada uma na sua época!
Sinceramente,
acho que a gente vai ficando seletiva, as expectativas vão sendo direcionadas
para o que e quem realmente importa. Voltando no tempo os tais dez anos, hoje
percebo que “festejei aquele dia do recomeço” com alguém que sente por mim um
amor que eu nunca soube dar o devido valor, até “saber” o que é o amor de avó,
quando vejo minha mãe com minha filha.
E
me dei conta que, nestes últimos três anos, o tão dia especial perdeu aquela
magia, ou parte dela.. Acho que o nascimento (e renascimentos) da Luna me são
mais caros que os meus próprios. Desta vez, lembrei somente três dias antes que
eu precisaria combinar pelo menos um jantar com meus pais. Tem tanta coisa acontecendo nestes últimos
meses que o inferno astral não teve vez, mas a importância do aniversário acabou
ficando em segundo plano. Segundo?! Quinto plano. Sei que tem muita gente que
consegue emocionalmente conciliar tudo, mas pra mim ficou difícil gerenciar a
ansiedade pela pós-graduação que começaria naquela semana, a chegada de um
membro canino na família em poucos dias, reflexões e indefinições sobre o
futuro profissional, questões familiares de saúde, crise de identidade, entre
outras cositas más.
Em
cima do bolo havia uma vela com o número cinco, a única que tinha na casa dos
meus pais, mas assoprei com vontade – junto com a Luna, claro! – desejando que,
assim como acreditavam na antiguidade, os desejos
e as preces chegassem até o céu junto com a fumaça. Terminei este
dia agradecendo por toda a caminhada que percorri, percebi que a gente aprende
errando e mesmo alguns erros podem ter sido bem acertados. Pedi força para continuar
a caminhada – tomando cada decisão com mais sabedoria - e a capacidade para
sempre tentar de novo. Agradeci pelo dia e por todo amor que recebi
(presencialmente ou não) e que eu continue conectada às pessoas pra quem eu
possa mostrar o que sou e me doar sem ter medo.