Educação de filho é
aquela coisa: a gente vive pesquisando na Internet, lendo livros, trocando
figurinhas com outras mães e pais no mundo virtual ou presencial; mas no final
das contas, a prática vem do coração. A relação com os filhos pode até ser
embasada em conhecimento teórico, mas na hora do vamos ver, a gente acaba
colocando pra fora o que acha que é certo.
Luna é super carinhosa,
mas tem um gênio forte; é mandona e quer tudo do seu jeito. Quando contrariada,
fica brava e muitas vezes levanta a mão pra bater em quem estiver discordando
dela. Cada situação pede uma posição; mas na maioria das vezes a gente se
abaixa, ficando da sua altura; olhamos bem em seus olhos dizendo que não pode
bater porque machuca e explicando porque ela não pode riscar a parede (ou o
sofá, ou a geladeira,...) com giz, subir a escada de casa pelo lado de fora, ou
coisas do gênero. Quando calha de seu pequeno bracinho ser mais rápido do que
nosso reflexo e ela realmente chega a dar um cruzado de direita tapa em
nosso braço ou rosto, seguramos sua mão com firmeza e – num tom mais severo - repetimos
o processo acima; mas dessa vez pedimos que ela dê um abraço e peça desculpas.
Quando a gente discute
com alguém - e quando parece que a razão é nossa - a última coisa que queremos
é abraçar e beijar aquele que acabou de discordar de nós. Sei que pedir pra
Luna se desculpar é ir contra este pensamento, mas acho importante que ela
entenda que fez algo errado e que precisa “consertar” a situação, possibilitando
que algo concreto seja feito por ela. Se a insistência na solicitação não
funciona, digo que estou triste e que ficarei esperando que ela queira vir dar
o abraço, para só depois voltarmos a brincar. Na maioria das vezes ela fica
quieta por um tempo, meio sem graça e vem em minha direção devagar; dá um
abraço ou um beijo tímido e a palavra “desculpa” só aparece se eu a lembro de
dizer naquele momento.
Ontem Luna estava num dia
mais enjoadinho, não querendo muita brincadeira de contato físico, preferindo
andar mais solta pela casa, brincando com o que quisesse, na hora que quisesse.
E aqui entra minha mea culpa: o amor que sinto pela Luna é demonstrado de
diversas maneiras e uma delas é a necessidade muito grande que tenho de abraçá-la
e beijá-la sempre que posso; mas sei que às vezes exagero. Num dia normal, ela se
importaria menos com tanto excesso de carinho; mas não foi o caso de ontem. E
num determinado momento Luna ficou realmente irritada com a mãe chiclete: fechou
a cara, brigou comigo e me deu as costas. Assumindo meu lado criança – e
depressiva por saber que o feriado estava acabando e eu passaria o dia seguinte
fora no trabalho - disse á ela que estava triste; fui sentar no sofá e não
tirei os olhos da TV (só porque Silvio estava no sofá ao lado, claro!). Depois
de um tempo, sinto Luna subindo no sofá e suas mãozinhas se apoiando no meu
ombro. Antes que eu pudesse olhar, recebo um beijo molhado na bochecha e escuto
a palavra ‘Ditupa’. Como resistir? Apertei a pequena nos braços, dei uma
beijoca rápida nela e a soltei antes que a situação voltasse a ficar como
estava poucos segundos atrás. E sei que o clima só fechou anteriormente, porque
eu não dei espaço e sufoquei minha cria.
Mas a questão é que a atitude
dela em relação à minha reação exagerada foi espontânea! Acho que ela
entendeu o que significa – num determinado nível - ação e consequência,
entendeu que bater deixa as pessoas tristes e que isso pode ser “resolvido” com
um pedido de desculpas; acho que entendeu o simples gesto de reconciliação. Agora
é continuar beijando e abraçando loucamente deixar o barco rolar e ver
como ela se comporta nos próximos momentos de conflito.
Eu imagino que a vontade de apertar e beijar a filhota não vai passar nunca!!!
ResponderExcluirAdorei o texto!!!