Ela estava
ali ao meu lado, ajoelhada na frente da mesa de centro, na sala da avó paterna.
A sugestão de brincar de desenhar foi minha. A vontade de colocar sua mãozinha
sobre o papel e contorná-la com canetinha laranja, foi dela. O pedido de ter,
em seguida, minha mão desenhada por ela, foi meu. Mas ela recusou. Ao invés
disso, trocou o laranja pelo vermelho, se inclinou um pouco para frente,
encostou a barriguinha na mesa e a ponta da canetinha no meio da pequena mão
que havia acabado de desenhar. Olhei compenetrada para o papel quando a tinta
começou a marcá-lo de um jeito que eu nunca havia visto. Quando percebi o que
Luna estava fazendo, meu olhar foi direto para o rosto dela. Durante aqueles
poucos segundos, meu sorriso ficou meio de lado, com uma gotinha de lágrima
pendurada nele. Quando ela terminou, podia ser lido: LUNA.
Isto
aconteceu há alguns meses. Mas, além de guardar aquele pedaço de papel, eu
queria que aquele momento ficasse guardado para sempre. E agora vai.
Gostaria
muito de agradecer a Tia Val, que foi a principal responsável por aquelas
quatro letras agora serem escritas assim juntinhas, fazendo tanto sentido para
aquela que as carrega em si.
O espiral é
uma brincadeira nossa, desde que a coordenação motora de Luna começou a se
desenvolver um pouco mais: vamos nos alternando no desenhar, uma começa com a
cor que quiser, a outra continua com outra cor que escolher e assim vai, até as
voltas não caberem mais no papel.
A arte foi
nossa, minha e dela, mas a marca na pele foi do Leandro. Obrigada por me
aguentar fazendo caretas e reclamando de dor.
Papai também
fez igual. É muito amor!
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