quarta-feira, 11 de junho de 2014

Ele



Ele brinca na areia, no mar, na piscina, no parquinho e em casa. Joga pro alto, vira de ponta-cabeça, brinca de equilibrista. Ele grava, compra e faz coleções de filmes e desenhos infantis, só pra ela. Planeja viagens pra praia, um dos lugares para onde a pequena mais gosta de ir. Ele é o colo preferido no sofá; nem a almofada mais fofinha ganha do seu peito transbordante de amor. Tem tanta saudade dela, que perde a noção do tempo e faz o ‘ontem’ parecer uma eternidade. E o ciúme?! Queria ela só pra ele.

Estou falando de um homem do presente, fazendo hoje 56 anos: o avô da minha filha. Mas, com a mesma intensidade, falo sobre a relação de um cara com seus 27 anos, pai de primeira viagem, com outra menina: eu. Não sei por quais veredas seu coração e sua mente passaram quando recebeu a notícia da chegada da Luna, mas no amor e na dor, porque a vida sabe jogar difícil com a gente às vezes, fomos juntos aprendendo e reaprendendo: ele, a ser pai; eu, a ser filha; ele, a ser avô; eu, a ser mãe; e juntos a entender as relações que fomos construindo.

E como não ser nostálgica como ele por perto? É só olhar para o lado e vê-lo com minha pequena: todas as boas lembranças voltam num piscar de olhos. Com a diferença de uma barba. Luna se deu melhor do que eu, hoje ele conserva o rosto sempre lisinho, pra não arranhar a neta. Não tem mais aquele monte de pelos que assustava a criancinha 30 anos atrás.

Pai, obrigada por tanto abraço e tanto colo; pelas broncas e castigos; pelas conversas e histórias. Por ser meu Papai Noel, meu Coelho da Páscoa e minha Fada do Dente. Obrigada por ser meu exemplo de vida e por me fazer entender toda preocupação e cuidado que sempre teve comigo e hoje devolvo uma pequena parte: cuidado ao andar na rua e tranque as portas antes de dormir.

Amo você.

(09/03/2014)




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